COREN-SP colabora em pesquisa sobre partos e nascimentos no Brasil

O Brasil registra cerca de três milhões de nascimentos por ano, mas as informações clínicas sobre esses procedimentos tão cotidianos nas instituições de saúde não são precisas. Dentre as principais preocupações com a saúde de mulheres e seus bebês está o aumento crescente das taxas de cesarianas. Segundo dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, a taxa de cesarianas aumentou 44% entre
1994 e 2007. Hoje, quase metade dos nascimentos são por cesárea. Muitos desses procedimentos são realizados sem indicação precisa ou que justifique sua realização, o que coloca em risco a saúde das mulheres e dos recém-nascidos.

Para estimar a prevalência de partos cesarianos sem indicação precisa, e as consequências na saúde das mulheres e dos bebês, será iniciado em março um inquérito epidemiológico em nível nacional, com o qual o COREN-SP irá colaborar em São Paulo por meio da mobilização e sensibilização das enfermeiras responsáveis técnicas (RTs) nas instituições envolvidas.

Promovido pelo Ministério da Saúde, sob a coordenação da pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Dra. Maria do Carmo Leal, o estudo “Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento”, que conta com o apoio financeiro do CNPq, terá como foco a morbidade materna e neonatal grave com ênfase na prematuridade. Outro objetivo é descrever as consequências do tipo de parto sobre a saúde da mãe e do bebê.

Serão incluídas na pesquisa 262 instituições públicas e privadas do sistema de saúde brasileiro, e 24 mil mulheres nelas atendidas, segundo a representatividade de partos por região do país. As entrevistas devem ser feitas até agosto.

No estado de São Paulo, serão quase 50 instituições pesquisadas, com 90 puérperas entrevistadas em cada uma delas. O primeiro passo será uma entrevista no pós-parto, seguido de dados do prontuário da mãe e do bebê.
Finalmente, será feita entrevista com a mãe entre 45 e 60 dias após o parto. Como recurso extra, os pesquisadores entregarão um questionário de características estruturais à instituição. O estudo já obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Fiocruz.

A pesquisa em está sendo conduzida em colaboração com a Faculdade de Saúde Pública, com a coordenação da Dra Carmen Simone Grilo Diniz. As pesquisadoras Dra Camilla Schneck e Dra Isabel Cristina Bonadio coordenam a implementação do trabalho de campo no estado.
“Em nome da coordenação geral do estudo, agradecemos o apoio do COREN-SP na divulgação da pesquisa. A equipe conta com 14 supervisores de campo, que iniciarão o contato com as instituições, e cerca de 70 outros entrevistadores. No total, uma equipe de aproximadamente cem pessoas receberá treinamento e fará a coleta de dados”, afirma Camilla Schneck.

Baseado em seu compromisso com a sociedade e a assistência de qualidade, o COREN-SP, por meio da sensibilização das enfermeiras RTs, apoiará o trabalho de campo do estudo da Fiocruz, ajudando no contato com as instituições pesquisadas. “Vamos fazer a divulgação inicial e contribuir para que os pesquisadores encontrem as portas abertas. Como a enfermagem é que zela pela organização da assistência, pode ajudar para que a coleta seja tranquila”, afirma a conselheira Andrea Porto, que acompanha o inquérito no estado.

Além disso, o COREN-SP ofereceu seus espaços para o treinamento dos pesquisadores e coordenadores.