Cirurgia robótica: nova área de atuação para o enfermeiro

Desde 2008 o centro cirúrgico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, passou a contar com mais um aliado para a realização de cirurgias: o robô norte-americano Da Vinci™, que permite a realização de cirurgias minimante invasivas e possibilita, graças à imagem tridimensional, que o cirurgião realize procedimentos muito mais precisos.

Incorporar a nova tecnologia à rotina do Hospital exigiu não só a preparação das instalações físicas do centro cirúrgico para acomodar o robô como também o treinamento das equipes médicas e de enfermagem para a adequada manipulação da máquina. Com duas semanas de duração, o treinamento aconteceu no Florida Hospital (EUA) sob a supervisão do Dr. Vipul Patel, Medical Director Global Roboctis Institute and Urologic Oncology Program e um dos pioneiros nesta área.

O enfermeiro Wilson Pinto participou do treinamento que passou pelas etapas de montagem do equipamento, assistência de enfermagem no posicionamento do paciente, insumos utilizados durante o procedimento (pinças, descartáveis e etc.), além da parte prática e de acompanhamento do pós-operatório. Na volta Wilson foi responsável por multiplicar o conhecimento entre os enfermeiros e técnicos de enfermagem atualmente capacitados para lidar com o robô. “Para que realizássemos a cirurgia robótica aqui, depois do treinamento, o primeiro passo foi padronizar o melhor posicionamento do paciente para que ele se sinta confortável. O posicionamento do paciente e a longa duração do procedimento pode causar dor no pós operatório, então adquirimos um colchão de gel que resolveu esta questão”, explica.

Atualmente o Hospital está preparado para realizar a cirurgia robótica nas áreas de urologia, ginecologia, cirurgia geral e cirurgia do aparelho digestivo, cirurgia cardíaca, cirurgia torácica e cirurgia de cabeça e pescoço. Minimamente invasiva, a cirurgia robótica apresenta inúmeros benefícios, tanto para a equipe quanto para o paciente. “Entre suas vantagens é possível destacar a ausência de cortes, pois são feitas apenas pequenas incisões para a passagem dos trocateres, e a diminuição do tempo de internação”, explica Wilson. Além disso, é possível destacar que esta é uma cirurgia praticamente sem sangramentos. O robô também permite que o médico tenha uma visão tridimensional, o que proporciona maior segurança e precisão durante a cirurgia.

Até o momento o Hospital Albert Einstein já realizou quase 600 cirurgias robóticas nas mais diversas especialidades. “Todos estes procedimentos foram realizados sem a necessidade de conversão para cirurgia convencional”, ressalta Wilson.

O papel da equipe de enfermagem

Atualmente o hospital conta com 13 profissionais, entre técnicos e enfermeiros, capacitados para atuar na cirurgia robótica. “O Wilson treinou toda a equipe e hoje a gente consegue fazer a cirurgia robótica todos os dias em todos os horários, abrindo mais uma área de atuação para enfermagem”, destaca a coordenadora de enfermagem do Hospital Albert Einstein Márcia Galluci Pinter.

Fazem parte das atribuições do profissional de enfermagem na cirurgia robótica a montagem e desmontagem do equipamento, a colocação das capas estéreis e a calibração da ótica seguindo técnica asséptica, ações que são realizadas tanto pelo enfermeiro quanto pelo técnico de enfermagem.

O enfermeiro também é responsável pelo posicionamento do paciente, assim para proporcionar o conforto necessário a própria equipe do hospital desenvolveu alguns insumos e acessórios que auxiliam num posicionamento mais anatômico possível. “O paciente permanece na mesma posição durante todo o procedimento, portanto materiais e posicionadores foram desenvolvidos para proteger as áreas do paciente que ficam em contato com a mesa cirúrgica. A enfermagem agregou conhecimento e hoje a participação da equipe é fundamental na montagem do equipamento e no posicionamento do paciente”, explica Márcia.

Também cabe ao enfermeiro garantir a continuidade da assistência, de acordo com os protocolos da instituição para os procedimentos de longa duração. Para Wilson as novas tecnologias são uma demonstração de que o enfermeiro deixou de ser aquele profissional que só cuidava de feridas e prestava assistência ao paciente. “O enfermeiro hoje precisa manter-se atualizado, temos que acompanhar os avanços tecnológicos para prestar a melhor assistência ao paciente”, finaliza Wilson.