Biomecânica do trauma é apresentada em palestra da Semana de Enfermagem

A atuação do profissional de Enfermagem no socorro a vítimas de trauma foi o tema da palestra apresentada durante as aticvidades da Semana de Enfermagem do COREN-SP no CAPE. O enfermeiro William Andrade Teixeira falou durante três horas para um auditório lotado sobre biomecânica do trauma. Teixeira é enfermeiro intervencionista do Rodoanel Via Oeste, além de consultor da Wed Consultoria em Educação e Saúde.

Segundo o enfermeiro, biomecânica do trauma é o processo de avaliação da cena de um acidente para determinar quais lesões podem ter decorrido da resultante de forças. Já o trauma é a lesão caracterizada por alteração estrutural e fisiológica.

Para começar a palestra, Teixeira citou uma declaração do cirurgião americano Nicolas Senn: “O destino do traumatizado está nas mãos de quem fez o primeiro curativo”. Em seguida, lembrou a importância de o profissional chegar à cena do acidente com tranquilidade e determinação, para evitar que leigos coloquem em risco o estado da vítima.

Por isso, o palestrante fez uma dinâmica com alguns voluntários para testar as reações dos profissionais quando chegam à cena. No auditório do CAPE, onde ocorreu o evento, eles tinham que dizer em até dez segundos o que havia sido modificado. Em seguida, Teixeira fazia uma avaliação da postura de cada um. As principais conclusões foram: não se deve entrar na cena antes de ter certeza que ela está segura, e é preciso desenvolver tranquilidade para parar e observar a cena de fora.

Ocorrido o acidente, a cinemática do trauma inclui avaliações das fases pré-colisão, colisão e pós-colisão. Por exemplo, procurar saber se a vítima estava embriagada, se usava o cinto de segurança, se alguém foi ejetado, como o carro bateu, em que direção etc. Para melhor fazer esta avaliação, Teixeira lembrou que os profissionais também devem conhecer as leis básicas da física.

No caso de colisões frontais, o mais provável é que ocorram lesões torácicas e abdominais, além de traumatismo craniano ou encefálico (projeção frontal). Na colisão traseira ou impacto posterior, ocorrem todos os movimentos do choque frontal, mais o chamado efeito chicote. Na colisão lateral, estão previstas distensão cervical contralateral, fratura de coluna cervical, etc. O impacto rotacional (quando o carro roda na pista) reúne efeitos da colisão frontal e lateral, associados.

Em caso de capotamento, não existe padrão de lesão. A maior preocupação é o risco de ejeção, quando a mortalidade alcança 75% e o risco de morte é seis vezes maior. Uma em cada 13 vítimas ejetadas sofrem fratura de coluna. Teixeira falou ainda das quedas, acidente de motocicleta e lesões por explosão.

No final, o enfermeiro lembrou que, mesmo com todas essas previsões, o socorrista sempre pode se deparar com algo inesperado. “Por isso é importante se municiar das técnicas, justamente para atuar melhor diante do imprevisto”, disse.