Você conhece a enfermagem do esporte? Saiba mais sobre essa especialidade!

Você sabia que, desde 2019, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) reconhece a enfermagem do esporte como área de atuação legítima da categoria?

Tradicionalmente, o setor esportivo sempre foi dominado por médicos e fisioterapeutas, mas recentemente tem aberto portas a outros profissionais, como psicólogos e enfermeiros. A  Resolução do Cofen que regula a atuação do enfermeiro como enfermeiro do esporte é de 2019 (Resolução 610/2019).

Apesar de, oficialmente, ser uma área recente, existem alguns profissionais pioneiros no Brasil. A enfermeira Camila Freitas Lino de Andrade é uma delas. Camila se apaixonou pela união entre enfermagem e esporte quando ainda cursava a graduação. Especialista em enfermagem do trabalho, ela é pesquisadora da enfermagem do esporte desde os Jogos Panamericanos de 2007. “Quando aluna, eu pensava em ir pra atenção básica ou a saúde do trabalhador, que eu já curtia. Mas ao trabalhar como voluntária nos Jogos Panamericanos de 2007, foi um caminho sem volta. A paixão pelo esporte vem desde que me entendo por gente”, conta ela.

Ao lado de Diego Tuber, que também é enfermeiro e milita na área esportiva, Camila tem desenvolvido uma série de ações para que essa área avance no Brasil. Uma das bandeiras da dupla é a desvinculação da enfermagem esportiva da área da saúde do trabalhador.

Os enfermeiros do esporte Camilla Lino e Diego Tuber

“Pedimos ao Cofen a desvinculação da saúde do trabalhador devido à complexidade, peculiaridades e nichos a serem explorados dentro da enfermagem do esporte. Também enviamos artigo científico e estamos no aguardo. Precisamos muito que os clubes e associações nos vejam para finalmente atuar. Ganhamos muitos elogios, mas queremos que nos chamem para trabalhar na área”, diz Camila. A profissional estima que, atualmente, existam em nosso país cerca de 30 enfermeiros trabalhando e pesquisando a enfermagem na área esportiva.

Outro enfermeiro que milita dentro dessa especialidade é Vitor Hugo Marques, que já foi presidente da Sociedade Brasileira de Enfermagem no Esporte – sociedade que atualmente encontra-se temporariamente desativada (licenciada).

Ele aponta alguns aspectos que, em sua opinião, precisam ser trabalhados para que a enfermagem no esporte brasileira cresça: “A resolução do Cofen foi uma grande vitória para a enfermagem do esporte, pois é  um amparo legal, mas ainda há muito para conquistar na sociedade e dentro da comunidade da enfermagem, principalmente no ensino, mostrando aos alunos de graduação que existe essa possibilidade. Também há muito a conquistar dentro dos clubes de futebol. Muitos atuam com auxiliares e técnicos sem a presença do enfermeiro. Temos muito espaço para crescer e conquistar”, afirma Vitor Hugo.

Vitor Hugo foi presidente da Sociedade Brasileira de Enfermagem no Esporte

Na opinião do enfermeiro, para que a enfermagem do esporte se desvincule da saúde do trabalhador e se torne realmente uma especialidade, é fundamental a abertura de cursos de especialização. “Esse reconhecimento como especialidade vai acontecer quando houver uma especialização em instituição de ensino, mais cursos relacionados à condição de capacitação dos profissionais e a criação de conhecimento específico, com a publicação de livros e artigos. Também é importante um agrupamento de profissionais que já trabalham na área, pois não há uma união”, afirma.

Enfermagem do esporte na prática

E como atua em enfermeiro do esporte no dia a dia? Quais são os conhecimentos específicos a área requer de quem deseja trabalhar em um clube de futebol ou alguma outra agremiação?

Vitor Hugo responde: “Há profissionais de enfermagem em diversos esportes, como futebol, vôlei, futebol americano, rugby, artes marciais, tanto na parte amadora que são os esportes olímpicos, quanto na parte profissional, dominada pelo futebol. Já há gente atuando. Temos, como enfermeiros, uma função de organização do departamento médico dos clubes e funções administrativas. A previsão e a provisão de materiais muda de acordo com o esporte, pois cada um tem suas especificidades. Também há muita necessidade de que esse enfermeiro desempenhe manobras de APH e de ressuscitação em virtude de casos de morte súbita de atletas; atue nos aspectos preventivos de lesões, acompanhamento da saúde,  de condições de doping para evitar que os atletas ingiram substâncias consideradas ilegais. Atuamos também de forma imediata, mas não emergencial, em lesões esportivas, que geralmente são lesões do aparelho musculoesquelético e traumáticas nos esportes de maior impacto físico. Nossa atuação nessa área é bem diversificada”, conclui.

Quem quiser saber mais sobre essa área e entrar em contato com os profissionais que já atuam, pode seguir @enfermagemesportiva nas redes sociais!