SP começa a produzir vacina contra raiva humana a partir de terça-feira

Testada com sucesso em camundongos e macacos, a vacina passou por uma prova final, sendo injetada em cerca de 200 seres humanos, em estudo realizado pelo Instituto Pasteur, também da Secretaria. Os resultados foram positivos, já que não houve reações significativas de ordem alérgica ou nervosa. Além disso, na média dos pacientes, a nova vacina estimulou níveis de anticorpos 30 vezes maiores que os considerados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para neutralizar o vírus da raiva no organismo. Em outubro de 2005 a Secretaria encaminhou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedido oficial para registro e autorização de fornecimento no mercado interno da vacina. Esta autorização deve sair em abril. O objetivo inicial é produzir aproximadamente três milhões de doses da vacina por ano, quantidade suficiente para atender a demanda nacional. O custo estimado para cada dose é de US$ 5,00, cerca de 30% a menos do que o preço pago atualmente pelo governo federal. Hoje, a vacina importada da França é apenas testada e rotulada pelo Butantan. A qualidade do novo produto é resultado de uma forma inédita de cultivo do vírus da raiva, que é a matéria-prima para a confecção da vacina. O vírus inativado cresce num substrato composto pelas chamadas células Vero, retiradas dos rins do macaco-verde-africano Cercopithecus aethiops. A diferença em relação à vacina importada é que o método de produção dispensa a utilização de soro animal, o que reduz as chances de contaminação. O Butantan começa a produzir uma vacina mais segura, eficaz e barata, além de garantir novamente independência tecnológica do Brasil nessa área. São Paulo mostra que, mais uma vez, está à frente na área de saúde, afirma o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata. No Estado de São Paulo o último caso de raiva humana foi registrado em 2001. O tratamento também se modernizou. Atualmente são necessárias apenas cinco doses da vacina no braço para ficar imune à doença após exposição a mordida de cães, gatos ou morcegos. Antigamente era preciso tomar cerca de 40 doses na barriga. As doses são aplicadas em casos de pós-exposição (pessoas que tiveram qualquer tipo de acidente com mamíferos). Mas também estão disponíveis em casos de pré-exposição, a veterinários, funcionários de canis, laçadores de cães e ecoturistas. Nesse último caso, são aplicadas apenas três doses.