Seminário de Comissão de Ética traz conteúdo atualizado com a prática profissional

O primeiro dia do Seminário de Comissão de Ética de Enfermagem do Coren-SP, iniciado na terça-feira (12), contou com debates atualizados e troca de experiências. Nesta sétima edição do evento, o grupo de Comissão de Ética de Enfermagem do Coren-SP contou com o apoio do Hospital Sírio-Libanês, que recepcionou o evento no auditório do seu núcleo de Educação e Pesquisa, em São Paulo.


Evento foi realizado no auditório do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo

A mesa de abertura foi composta por Mauro Pires, vice-presidente do Coren-SP; Paulo Cobellis, conselheiro coordenador do grupo de Comissões de Ética de Enfermagem do Coren-SP; e por Audry dos Santos, gerente de enfermagem e responsável técnica do Hospital Sírio-Libanês. Em sua fala, Mauro destacou a importância da consciência de cada profissional para que seja possível reconstruir cotidianamente a enfermagem, de forma a garantir um crescimento coletivo, para toda a categoria. Paulo destacou que as comissões de ética propiciam proteção tanto para os profissionais quanto para a sociedade, por seu caráter preventivo e educativo.

Paulo Cobellis, Mauro Pires e Audry dos Santos

A primeira conferência, “Comunicação e Ética, pilares para uma prática responsável”, foi ministrada pela professora Luciane Lúcio Pereira, reitora da Universidade Santo Amaro (Unisa), com mediação do conselheiro Paulo Cobellis. Em sua fala, a enfermeira ponderou que “as palavras pintam imagens verbais”, ressaltando a responsabilidade implícita em qualquer comunicação realizada. Ela destacou que na prática profissional é preciso haver uma vigilância em relação aos comportamentos que prejudicam as relações. “Enfrentamos hoje na prática responsável o desafio de conciliar os avanços científicos com o mundo do indivíduo”, analisou.

Luciane Lúcio Pereira

A mesa-redonda “Relato de experiências das Comissões de Ética de Enfermagem”, moderada por Audry dos Santos, foi importante momento de compartilhamento de conhecimento e contou com a participação de representantes de três instituições. Maíra Franchin, presidente da CEE do Hospital Sírio-Libanês, traçou um panorama amplo sobre as funções educativa, consultiva e fiscalizadora das comissões. Ela também reforçou a importância sobre o conhecimento do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (cuja nova edição entrará em vigor em breve) e os cuidados com a publicação de imagens nas redes sociais.

Anie de Oliveira, presidente da CEE da Prefeitura Municipal de Sorocaba, narrou sua trajetória no grupo, desde suplente até a presidência, e ponderou que a missão da comissão é levar a ética para o dia-a-dia do profissional. Ela destacou o trabalho encabeçado pela comissão com o objetivo de disseminar material informativo sobre as normativas que regem o trabalho da enfermagem, para que os profissionais tenham o devido conhecimento sobre as prováveis infrações éticas que poderiam ser cometidas.

A presidente da CEE do Instituto do Coração (Incor-USP), Sirlei Cristina da Silva, destacou a importância dos membros suplentes da CEE, que foram cruciais para que o quadro de membros pudesse ser concluído. Ela demonstrou exemplos do boletim informativo elaborado pelo grupo para conscientizar os profissionais sobre os aspectos éticos da assistência, bem como ressaltou as constantes reuniões com responsável técnico e lideranças para verificar situações que ensejem questões éticas. “É preciso estar atento ao sigilo, pela facilidade de acesso a informações privilegiadas”, comentou.

Sirlei Cristina da Silva, Audry dos Santos, Maíra Franchin e Anie de Oliveira

“Bioética na terminalidade da vida” foi o tema da mesa-redonda moderada pela enfermeira Elaine Corrêa, coordenadora do grupo de trabalho de Ética Profissional do Coren-SP. A mesa contou com palestras do médico Daniel Neves Forte, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos; da enfermeira Loraine Diamente, presidente do Comitê de Bioética do Hospital Dr. Carmino Caricchio, em São Paulo; e da enfermeira Maria Inês Nunes, coordenadora do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário São Camilo.

Daniel esclareceu a diferença entre os conceitos de eutanásia (paciente pede para ser morto para ter seu sofrimento interrompido), ortotanásia (quando se permite que o paciente morra de forma natural), distanásia (prolongamento da vida do paciente, sem que haja necessariamente um benefício) e mistanásia (morte decorrente do abandono do cuidado). Já Loraine apontou que os principais obstáculos encontrados na terminalidade da vida institucionalizada são o desconhecimento do tema, o desrespeito à autonomia do cliente sobre sua vida e a falta de comunicação adequada com o paciente e/ou seus familiares. E Maria Inês apresentou as características das Diretrizes Antecipadas de Vontade (DAV), divididas entre testamento vital ou mandato duradouro (quando o paciente nomeia alguém para decidir sobre o seu futuro), e que podem auxiliar o indivíduo a decidir sobre o final de sua vida.

Loraine Diamente, Elaine Corrêa, Daniel Neves Forte e Maria Inês Nunes

Concluindo o primeiro dia do evento, o conselheiro Vagner Urias palestrou sobre mediação e conciliação como caminhos para a solução de conflitos. Ele destacou a possibilidade de haver conciliação com retratação ou termo de ajustamento de conduta (TAC). Vagner também comentou que as próprias comissões de ética são ferramentas de conciliação e que favorecem uma avaliação reflexiva e o empoderamento das partes. A palestra foi moderada pelo enfermeiro Marcelo Santos, docente da Escola de Enfermagem da USP e membro da Sociedade de Bioética de São Paulo.

Marcelo Santos e conselheiros Maria Cristina Massarollo e Vagner Urias

Coren-SP em defesa do SUS

Durante o evento, foi também lançada a campanha “Lute pelo SUS”. O SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo e tem como princípio a garantia ao acesso a todos os cidadãos. Por isso, defender o SUS significa defender milhões de brasileiros. O Coren-SP está firme nessa batalha, em defesa do SUS, lutando por mais recursos, infraestrutura, valorização salarial e redução da jornada de trabalho da enfermagem, com respeito à autonomia da categoria, afinal, sem ela, o acesso dos cidadãos fica comprometido. Conheça toda a campanha aqui.

Material de divulgação da campanha distribuído aos participantes do evento