Profissionais de enfermagem em saúde mental deliberam propostas para a área durante evento no Coren-SP

Profissionais de enfermagem psiquiátrica se reuniram no auditório da sede do Coren-SP para debater políticas públicas relacionadas à área, durante o evento “A Política Nacional de Saúde Mental e as boas práticas em Enfermagem”, realizado nos dias 26 e 27 de junho.


Ana Isabel Bellemo, Toyoko Saeki, João Fernando Marcolan e Maria Cristina Mazzaia: evento foi fruto do trabalho desenvolvido pelo GT de Saúde Mental, vinculado às Câmaras Técnicas do Coren-SP

Comandada pelo Grupo de Trabalho (GT) de Enfermagem em Saúde Mental do Coren-SP, a atividade foi uma grande plenária de entre enfermeiros de psiquiatria e culminará na elaboração de um documento que proporá reformas e incentivará a elaboração de políticas públicas nas mais diversas áreas, como educação, dimensionamento de pessoal, atribuições do enfermeiro em saúde mental, utilização do Projeto Terapêutico Singular como sistematização da assistência, estruturação do sistema de atendimento ao paciente psiquiátrico e outros.


O público que propôs novas políticas para a enfermagem em saúde mental foi especializado, composto por enfermeiros com experiência prática e assistencial na área

“Nós vivemos em uma sociedade manicomial. Estamos trocando a instituição hospitalar por outras, como a cadeia. Há um estudo que mostra que 70% da população carcerária tem transtornos psiquiátricos. Vivemos em uma sociedade rançosa, preconceituosa, que encarcera tudo o que é diferente”, frisou João Fernando Marcolan, coordenador do GT de Saúde Mental do Coren-SP, durante o primeiro dia de debates.

A professora Toyoko Saeki (USP) destacou o fato de que as mudanças na saúde mental dependem de um movimento amplo e que envolva diversos setores, não só a enfermagem: “Se quisermos mudar o paradigma na saúde mental temos que mudar nossa forma de trabalhar. Isso não diz respeito apenas a nós da saúde, mas à sociedade inteira. Temos que passar de uma abordagem psiquiátrica para uma abordagem psicossocial”, disse.

Os outros membros do GT de saúde mental do Coren-SP que participaram do evento foram as enfermeiras Maria Cristina Mazzaia e Ana Isabel Bellemo.

Durante o segundo dia do evento, uma das discussões mais importantes foi sobre educação e do treinamento de enfermeiros para a atenção ao paciente psiquiátrico.

João Fernando Marcolan teceu críticas à falta da disciplina nas grades curriculares. “É um absurdo os cursos técnicos e de graduação não terem saúde mental em sua grade, pois não é uma disciplina obrigatória. Temos que nos unir enquanto categoria para mudar essa situação”.

Um dos encaminhamentos do evento foi um pedido que será enviado ao MEC (Ministério da Educação) pedindo melhorias na formação de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem na área da saúde mental.

A conselheira Maria Cristina Massarollo fez o encerramento oficial do evento, enfatizando a importância do diálogo: “O diálogo que houve aqui nesses dois dias foi de extrema importância. São as colocações, mesmo que com pontos de vista divergentes, que fazem a gente avançar”, concluiu.