Parto humanizado: o nascer do empoderamento

Preconizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o parto humanizado surge como caminho para a redução das taxas de mortalidade infantil e materna, ainda muito elevadas no Brasil. Com ele, nasce o empoderamento das mulheres, que passam a ter liberdade de escolher como querem parir; e da enfermagem, que assume o protagonismo da assistência desde o pré-natal até o pós-parto.

A redução da mortalidade materna é um dos oito Objetivos do Milênio definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, embora esse índice esteja em queda nas últimas décadas – redução de 43% entre 1990 e 2013, chegando a uma média de 62 casos a cada 100 mil nascimentos – ele ainda é muito alto comparado à recomendação, de 15%. Um dos principais fatores relacionados a esse cenário é a epidemia de cesarianas, que triplicam o risco de morte materna em relação ao parto normal.

As mamães não são as únicas vítimas desta realidade. Cerca de 25% dos óbitos neonatais estão relacionados às cesarianas, assim como a prematuridade, que responde por 16% dos óbitos infantis no Brasil.

O quadro alarmante motivou as esferas pública e privada a adotarem novas políticas e práticas nos últimos anos, com o amparo de resoluções, notas técnicas e diretrizes, entre elas o Protocolo com Diretrizes para Parto Cesariana e a Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal. 

A enfermagem está se consolidando como ator fundamental para a viabilização desses marcos legais. A Resolução Normativa 398/2015 prevê o credenciamento de enfermeiros obstetras e obstetrizes por operadoras de planos privados de assistência à saúde e hospitais que constituem suas redes.

Em março de 2017, o Governo Federal lançou uma publicação inédita das diretrizes de assistência ao parto normal no Brasil. Entre as novidades que o documento traz está a possibilidade de o parto ser feito pela enfermeira obstetra ou obstetriz, tendo em vista que a participação da enfermagem no acompanhamento da gestação e do parto tem sido apontada como fundamental para a humanização da assistência. “Onde tem enfermeiro obstetra e obstetrizes assistindo, os resultados são melhores, pois há menos intervenções em relação à mulher e ao bebê”, constata a presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras-SP (Abenfo), Rosemeire Sartori.

Índices comprovam esta realidade, como a redução das taxas de prematuridade, de mortalidade infantil e materna e do uso de ocitocina e episiotomia, entre outros resultados que garantem também a queda de despesas no SUS, já que os bebês são encaminhados com menor frequência a UTIs e nascem mais saudáveis quando há participação direta da enfermagem durante o parto e o pré-natal. 

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