Nota oficial sobre a classificação da velhice como doença na CID-11

O Coren-SP manifesta sua preocupação frente à definição do termo “velhice” dentre a lista de doenças previstas pela 11ª edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).

A partir de janeiro de 2022, com a publicação da CID-11, a velhice será identificada sob o código MG2A, no capítulo 21: “Sintomas, sinais ou achados clínicos não classificados em outro local”. Como sinônimos para velhice, são descritas velhice avançada sem psicose, senescênsia sem psicose e debilidade senil. Entretanto, as próprias definições de senescência (as alterações no organismo decorrentes da evolução no tempo, sem necessariamente estarem ligadas a uma doença) e senilidade (conjunto de condições que acometem o indivíduo baseadas em mecanismos fisiopatológicos) não se coincidem, mas sim se complementam, sendo a segunda uma etapa do primeiro.

Algumas consequências negativas para essa definição são a falta de identificação de doenças que possam acometer os idosos, a marginalização do cuidado de saúde à pessoa idosa, bem como o ageísmo e a discriminação e a sensação de incapacidade em razão de um processo natural da vida, o que pode desfavorecer também a saúde mental dessa população.

Os profissionais de enfermagem atuam na prevenção e na assistência ao paciente idoso, e um cuidado que vise a autonomia e a independência estimula a qualidade de vida. Em 2019, o IBGE previa que a expectativa de vida dos homens brasileiros era de 73 anos e para as mulheres, de 80 anos.

Portanto, o Coren-SP defende uma revisão do termo “velhice” como descrito na CID-11, para que a população idosa possa receber o devido acompanhamento de sua saúde, livre de estigmas e da visão equivocada de uma etapa da vida como se fosse naturalmente uma doença.