A história de dedicação por trás do “psiu”

O ano de 1957 foi marcado por diversos acontecimentos como o lançamento da Sputnik 1 ou o envio da cadelinha Laika ao espaço. Foi neste ano também que hospitais de todo o mundo começaram a ter seus corredores ilustrados pelo cartaz de uma enfermeira com o dedo sobre a boca, em sinal de silêncio. O cartaz fazia parte de uma campanha que buscava pelo silêncio nas instituições e arredores no intuito de fornecer uma melhor recuperação aos pacientes.

A modelo em questão era a enfermeira Celina Camargo Carreno, na época com 30 anos. A presidente do Coren-SP, Renata Pietro, teve o privilégio de encontrar com Dona Celina, aos 91 anos, nesta segunda-feira (14), durante palestra de abertura da Semana da Enfermagem do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM). “É um prazer muito grande encontrar com um ícone da enfermagem. Dona Celina faz parte da história da nossa profissão”, comenta Renata.

Renata Pietro, presidente do Coren-SP, em encontro histórico e inesperado com a enfermeira Celina Camargo e seu esposo

Dona Celina conta que foi abordada por um fotógrafo na rua que, ao saber que era enfermeira, convidou-a a participar de um ensaio e ser o rosto de uma propaganda em prol de pacientes, profissionais da saúde e instituições do ramo. Ela prontamente aceitou e abdicou de qualquer direito sobre a imagem pois se importava apenas em fazer o bem e ajudar a enfermagem.

Todo esse amor pela enfermagem veio de família. Filha de farmacêutico, Celina cresceu no meio de enfermos ajudando seu pai e os clientes. Virou rotina atuar naquele meio e logo um maior interesse surgiu. Os anos se passaram e após o falecimento de seu pai, Celina deu continuidade às atividades da família e seguiu para a Universidade de São Paulo, onde iniciou seu curso de enfermagem.

Mais de 60 anos depois, Dona Celina reproduz o gesto que eternizou sua imagem

Fazendo uma análise de seus mais de 50 anos de enfermagem, Dona Celina comenta que a profissão manteve seu espírito de busca por novos conhecimentos. “A enfermagem não pode ficar parada, tem que estar sempre atualizada, conhecer tudo que existe de atual em relação à ciência e ao ser humano do ponto de vista científico”.

Já em relação aos desafios, ela encara que o maior é a aceitação e o reconhecimento de que o profissional de enfermagem é aquele que está sempre ao lado do paciente, a todo o momento, o que é uma grande responsabilidade e um enorme desafio. “A enfermagem foi reconhecida muito tarde. Só em 60, 70 começou esse reconhecimento, demorou muito”.

Dona Celina não aceitou parar e continua fazendo o que ama. Desde que se aposentou, aos 50 anos, passou a trabalhar como voluntária e já soma 41 anos atuando dessa forma e deixa uma mensagem aos profissionais: “Continuem fazendo enfermagem, porque vale a pena”, finaliza, sorridente.

Dona Celina (ao centro), entre Renata Pietro, presidente do Coren-SP, Dr. Antônio Camargo Moreno (superintendente do HSPM) e profissionais de enfermagem da instituição