Fiscalização realiza ações em Araraquara em meio ao agravamento da crise da Covid-19

O Brasil está enfrentando um agravamento expressivo da pandemia da Covid-19, com a circulação de novas variantes do vírus e um aumento do número de contaminações, internações e mortes.

O município de Araraquara, na região central de São Paulo, foi a primeira cidade do estado a apresentar um número significativo de contaminações pela variante amazônica do novo coronavírus – no dia 15 de fevereiro, já havia 12 casos confirmados da chamada “cepa brasileira” na cidade, fazendo com que o índice de ocupações dos leitos de UTI chegasse a 100% e com que o município entrasse em uma grave crise sanitária. 

Prontamente, a subseção de Ribeirão Preto do Coren-SP concentrou seus esforços de fiscalização nas principais unidades de saúde de atendimento à Covid-19 de Araraquara. O fiscal Cezar Bruno Pedroso, chefe técnico da subseção, explica como o Coren-SP tem atuado na cidade: “As fiscalizações do Coren-SP foram realizadas de forma emergencial nas unidades de referência para Covid-19 do município, buscando apoiar os profissionais de enfermagem nesse momento tão desafiador e identificar situações de déficit de pessoal de enfermagem, disponibilidade de equipamentos de proteção individual, oferta de treinamentos e outras situações que influenciam nas condições de trabalho dos profissionais. Nas situações nas quais identificamos inconformidades, notificamos, e, quando cabível, encaminhamos para outros órgãos como o Ministério Público de São Paulo para as intervenções pertinentes”, detalha Cezar. 

A gerente de fiscalização do interior e litoral, Ligiani, o chefe técnico Cezar e as fiscais da subseção de Ribeirão Preto, responsáveis pela ação em Araraquara

Dentre as unidades de referência para a Covid-19 do município, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Xavier foi fiscalizada pelo Coren-SP no dia 22/2; e o Hospital de Campanha de Araraquara foi inspecionado no dia 23/2. A enfermeira Responsável Técnica (RT) pelo Hospital de Campanha de Araraquara, Beatriz Daiane Pereira, recebeu pessoalmente a fiscal Luciane Ranhel no dia 23/2. Alguns dias após a ação do Coren-SP, Beatriz repassou a situação da Covid-19 no município: “Estamos em uma situação crítica, mas felizmente podemos contar com o comprometimento da gestão pública para o atendimento da alta demanda assistencial que se apresenta. Em relação ao número de mortes e internações, é precoce apontar qualquer sinal de melhoras ou pioras. É certo que estamos atentos para atender a essa demanda e buscar todos os recursos humanos e financeiros possíveis”, afirmou a RT.

As ações de fiscalização como a realizada no Hospital de Campanha acabam auxiliando os próprios gestores de enfermagem das unidades com suas demandas, como o aumento do quantitativo de profissionais nas unidades inspecionadas. Luciane aproveitou a fiscalização para realizar o cálculo de dimensionamento de pessoal de enfermagem da unidade, orientando a RT Beatriz sobre como proceder para organizar o quantitativo de profissionais do hospital: “Lembramos que é de suma importância estar com o quantitativo de acordo com a Resolução do Cofen que regulamenta essa questão para que possamos sempre ter a certeza de que a assistência ocorrerá dentro do melhor padrão possível de qualidade e, sobretudo segurança, tanto para os profissionais que estão prestando essa assistência como para os pacientes”, destacou a fiscal do Coren-SP. 

Fiscalização por uma assistência mais segura

Ainda como parte dessa ação específica de fiscalização em Araraquara, a fiscal Solange Leite Santana inspecionou a Unidade de Retaguarda de Urgência e Diagnóstico do Melhado, na quinta-feira, dia 4/3. Trata-se de um hospital específico para assistência a casos confirmados ou suspeitos de Covid-19.

A enfermeira Responsável Técnica (RT) do hospital, Fernanda Manoel Gomes, descreveu como a situação atual na unidade e no município surpreendeu os profissionais de saúde que atuam na linha de frente: “A situação está agravada. Tínhamos a expectativa de declínio dos casos, porém na realidade além de convivermos com uma curva ascendente estamos com casos mais graves e letais”.

A fiscal Solange (à esquerda) e a RT Fernanda

Fernanda conta como essa situação tem contribuído para o esgotamento físico e emocional desses profissionais de enfermagem: “Por estarmos em um estado tão privilegiado economicamente e tecnologicamente como São Paulo, nunca pude imaginar que viveríamos situações que presenciamos nas últimas semanas, como o grande aumento da demanda de casos graves. A dificuldade de internarmos adequadamente essas pessoas em leitos com a mínima estrutura, a falta de leito e a gravidade dos casos têm levado os profissionais a uma grande exaustão. Além disso há muitos profissionais que não estão capacitados para lidar com esse tipo de situação, o que sobrecarrega os demais”, desabafa.

É dentro dessas condições de trabalho tão graves que a fiscalização busca atuar e, na medida de suas possibilidades legais, contribuir para uma assistência mais segura para os profissionais e para os pacientes. A fiscal Solange explica resumidamente a dinâmica desse trabalho:

“Mediante as ações de fiscalização nas unidades de saúde de Araraquara, foi possível presenciar as dificuldades que os profissionais de enfermagem estão enfrentando nesse cenário de aumento expressivo no número de casos de Covid-19, acarretando a necessidade de uma rápida reestruturação dos serviços para atendimento da nova demanda. Nas ações que realizamos, avaliamos e orientamos questões relacionadas à disponibilidade de equipamentos de proteção individual, dimensionamento de recursos humanos, exercício da enfermagem de acordo com a legislação profissional, entre outras. Com isso, buscamos formas de auxiliar e dar mais segurança aos profissionais da linha de frente para que possam exercer suas funções de forma segura, minimizando os riscos à sociedade”, conclui Solange.

A gerente fiscalização do Coren-SP do interior e litoral, Ligiani Meirelles, foi enfática ao comentar as ações que vem sendo realizadas em Araraquara: “Não deixaremos o município até a situação atual passar”.