Evento do Coren-SP Educação aborda o ensino da ética na graduação

“A Formação de Competências Éticas no Curso de Graduação em Enfermagem” foi o assunto discutido em evento online realizado na manhã desta terça-feira pelo Coren-SP Educação, em parceria com as Câmaras Técnicas do Coren-SP.

O evento contou com cerca de 80 participantes inscritos, conectados por meio da plataforma “Teams”, todos eles docentes ou coordenadores de cursos superiores de enfermagem.

O objetivo da discussão, liderada pela conselheira e professora Paulina Kurcgant, foi conscientizar os participantes sobre a importância da formação ético-política nos cursos de enfermagem e buscar soluções conjuntas para que a formação acadêmica desta dimensão da atuação em enfermagem se fortaleça nos cursos universtários.

O evento foi realizado pelo Coren-SP Educação por meio da plataforma “Teams”

Além de Paulina, as conselheiras Maria Cristina Massarolo, Wilza Spiri e Érica Chagas, que coordenou o evento, participaram das discussões.

Em sua palestra, Paulina pontuou que o ensino ético não recebe a devida importância dentro das universidades. Apesar da grande competência das universidades em oferecer a formação técnico-científica aos seus alunos, a  ético-política, que também é de extrema importância, geralmente acaba sendo relegada a segundo plano: “A preocupação maior do aluno de graduação é o domínio da competência técnico-científica. Considero o processo assistencial como sendo o principal, mas nos chama a atenção essa fragilidade das competências ético-políticas, justamente hoje em dia, quando percebemos a necessidade do empoderamento do enfermeiro”, colocou.

Paulina prosseguiu explicando que apenas um conhecimento sólido e profundo do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e da legislação, como a Lei do Exercício Profissional, empoderará o profissional de enfermagem e fará com que ele assuma o protagonismo na assistência que lhe é de direito. Ela explicou que cabe aos docentes darem maior importância à formação ética dos futuros profissionais. “Temos que saber, em cada lugar e em cada situação, como tem que ser o melhor comportamento. O professor muitas vezes tem que assumir o papel do educador, dos direitos e deveres mesmo, infelizmente no ensino superior”, disse, lamentando o fato de o professor universitário muitas vezes ter que suprir carências educativas familiares e de educação fundamental.

A participação do público foi fundamental para o progresso das discussões

Após a palestra de Paulina, houve um espaço para que os participantes fizessem suas colocações. A professora Elaine Correia, do Centro Universitário São Camilo, manifestou-se contando um pouco da sua experiência na academia. Para ela, é perceptível no cotidiano do ambiente universitário a pouca importância que geralmente é dada à formação ética do enfermeiro: “Eu percebo isso em muitas palestras que realizo. Existe um desconhecimento do público da enfermagem acerca dessas questões éticas e legais. Inicio minhas palestras perguntando sobre quem sabe me falar sobre a lei do exercício profissional e o código de ética e os participantes respondem que não sabem. Precisamos saber dos nossos direitos, senão ficamos reféns do dia a dia profissional”, compartilhou.

A vice-presidente da Associação Brasileira de Enfermagem, seção São Paulo (ABEn-SP), Cibele Rizzo Cohrs, também fez sua colocação. Ela convidou o Coren-SP para um trabalho conjunto com a ABEn-SP sobre o tema. “Temos na ABEn-SP o Fórum das Escolas de Enfermagem. Lá, temos visto e vivenciado inúmeras situações bastante complicadas [relativas à formação profissional]”, colocou.

No encerramento do evento, a conselheira Érica Chagas mostrou o resultado de questionários respondidos pelos participantes. A questão “Para a formação do futuro enfermeiro, como você avalia o conhecimento referente à ética e legislação em enfermagem no curso de graduação?”, 75% dos respondentes colocaram como “insuficiente” e apenas 25% respondeu “suficiente”.

Outra questão importante foi “Como tem sido o ensino do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e da legislação profissional no curso de graduação em enfermagem?”. A resposta “Só teórico” foi registrada por 35% dos respondentes; 15%  respondeu “À luz da prática profissional” e 50% deles respondeu que os cursos de ética unem as duas dimensões: a teórica e a prática.

No encerramento da atividade, Maria Cristina Massarollo disse estar bastante satisfeita com o conteúdo discutido durante a manhã: “Quero falar da minha satisfação com este evento. Agradeço muito a participação de todos vocês. Ficou bastante evidente como há esse desejo, essa vontade, essa garra de todos para discutirmos e mudarmos essa situação da ética profissional”.