Enfermagem protagoniza cuidados na pandemia
A enfermagem é a protagonista dos cuidados à população no combate à pandemia da covid-19, pois está na linha de frente da assistência, 24 horas por dia ao lado dos pacientes. Mas antes mesmo desse cenário preocupante e sem precedentes, a profissão já vinha ganhando destaque mundial com a campanha Nursing Now, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de forma a favorecer o empoderamento da categoria, como parte das celebrações do Ano da Enfermagem, como a organização definiu 2020.
“A enfermagem sempre esteve na linha de frente nos cuidados à saúde. Nós somos a maior força de trabalho da saúde do país. O árduo trabalho desses profissionais, principalmente no combate à pandemia, é um esforço que deve ser valorizado e reconhecido por toda a sociedade, já que os cuidados são realizados de forma democrática, ampla e inclusiva”, destaca o enfermeiro Cláudio Silveira, presidente em exercício do Coren-SP.
O Coren-SP acompanhou histórias de profissionais que vem atuando em diversas instituições pelo estado. Conheça algumas histórias motivacionais e acolhedoras em todo o estado que ressaltam o protagonismo e a liderança da enfermagem na assistência à saúde da sociedade.
Araçatuba
O gerente de enfermagem do Ambulatório Médico de Especialidades de Araçatuba, Wilson Pimentel Junior, desenvolveu uma oficina de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para o enfrentamento da pandemia da Covid-19.
O profissional conta que na sua instituição, o gerente de enfermagem também é o enfermeiro executor da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). “Nosso foco foi na capacitação permanente das equipes de trabalho. Por isso, implantamos um protocolo embasado nas orientações da Anvisa e da Vigilância Epidemiológica do nosso município. A enfermagem demonstrou coragem e força para enfrentar esta guerra”, diz Wilson.
Barretos
O gerente de enfermagem do Hospital de Amor Nossa Senhora de Barretos, João Fernando Ramos Raymundo, conta que a instituição desenvolveu a capacitação profissional às equipes de enfermagem para o enfrentamento da Covid-19.
Segundo ele, diante da necessidade regional de assistência especializada em Covid-19, a gestão institucional em parceria com a Secretaria de Saúde definiu a reestruturação do hospital para ser referência no atendimento de pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de coronavírus. “Mesmo em meio aos desafios, a nossa equipe segue buscando treinamento e capacitação para garantir uma assistência segura e qualificada para os pacientes”, diz.
Campinas
Outro trabalho que também fez diferença foram as ações da enfermeira da prefeitura municipal de Campinas, Renata Cauzzo Zingra Mariano, e da diretora do departamento de enfermagem do Hospital de Clínicas da Unicamp, Eliete Boaventura Bargas Zeferino.
A profissional Renata conta que a prefeitura designou uma comissão para tratar de assuntos referentes à pandemia. Esta comissão elaborou um documento que contém orientações para a rede pública de atenção à saúde do município, vídeos sobre técnica de paramentação e desparamentação, manejo clínico, fluxo de atendimento e coleta de SWAB. “O compartilhamento de diversos saberes profissionais de informações técnicas oficiais são essenciais para reorganização do processo de trabalho diante deste cenário epidêmico”, explica a enfermeira.
Já Eliete, criou um plano de contingência. A ação envolvia a organização dos espaços físicos, previsão de consumo, aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e treinamento da equipe. “O nosso objetivo é contribuir com a sociedade, prestando uma assistência qualificada e proporcionando proteção e o melhor cenário possível para que nossos profissionais atuem de forma segura”, conta a enfermeira.
Guarulhos
As ações da enfermeira Rosemeire Maria da Silva, da Unidade Básica de Saúde (UBS) Seródio, em Guarulhos, da enfermeira Jaqueline Melo Torres, que atua no Pronto Socorro de Guarulhos e também é responsável pela rede Cegonha, e dos enfermeiros coletores do Centro de Testagem da Covid-19 no CEO Vila Galvão, Arnaldo Marques Neto e Laís Fernandes Feliz Vieira, também merecem destaque.
Cansada de pedir às pessoas que levem a sério o distanciamento social, Rosemeire decidiu pintar o chão da instituição, para que, assim, as pessoas se tornassem mais conscientes e evitassem aglomerações. “Enquanto profissional de enfermagem, o sentimento diante dessa ação é a promoção de saúde e a construção do cuidado para diminuir a propagação do vírus”, avalia.
Intitulado de “Combatendo o Coronavírus”, a enfermeira Jaqueline conta que ela e sua equipe tiveram uma iniciativa de gravar um vídeo alertando sobre como realizar a higienização correta das mãos.
“Quando vimos aumentar as solicitações de álcool em gel e luvas, ficamos sabendo que muitos profissionais estavam fazendo o uso indevido das luvas. Apostamos em todas as medidas de combate ao Coronavírus, mas o princípio de tudo é a higiene das mãos”, conta.
Quando a prefeitura de Guarulhos precisou montar o centro de testagem, a gestão teve dificuldade em encontrar voluntários. Entretanto, Arnaldo e Laís se prontificaram a trabalhar, mostrando total interesse e comprometimento desde o início. “Meu sentimento é de estar numa missão, honrando meu juramento, o qual tanto me orgulho”, destaca o enfermeiro.
Já Laís, que ficou afastada por 14 dias por ter contraído Covid-19, diz que o sentimento é de união. “Após passar por toda essa experiência, ao voltar para a minha rotina, me voluntariei para participar desta ação para fazer a diferença para os servidores da saúde”, conta.
Jacareí
O enfermeiro emergencista Alex Botelho Leal, que trabalha da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Thelmo de Almeida, em Jacareí, explica que a partir da iniciativa da coordenação de enfermagem, foi instituído um protocolo para higienização das mãos, incluído desde os funcionários da recepção até os profissionais de saúde que atuam lado a lado do paciente.
“A enfermagem é preparada para prolongar a vida e promover a cura, porém, no nosso âmbito, é preciso ter controle emocional, conhecimento, disponibilidade, flexibilidade, capacidade de interação, reconhecimento de limites e posturas éticas que garantam a confiança e a segurança no atendimento à população”, destaca Alex.
Marília
E protagonismo é a palavra que resume também as ações da diretora técnica de saúde do Departamento Regional de Saúde de Marília – DRS IX, Célia Maria Marafiotti Netto. Ela conta que a Organização da Rede de Atenção na Média e Alta Complexidade para o atendimento à Covid-19 no DRS IX construiu, entre outras ações, o plano de contingência regional.
“Poder contribuir com este momento diferente e difícil da pandemia buscando acesso e assistência à saúde para nós, nas necessidades da população, é muito gratificante. Estejamos firmes e fortes na fé para superarmos este momento”, diz.
Presidente Prudente
Após diversas reuniões com supervisores da Secretaria Municipal de Saúde de Presidente Prudente, a enfermeira Ana Cláudia Braga elaborou um projeto de prevenção em saúde mental para os servidores em virtude da Covid-19.
“Vivências em situações de calamidade pública podem gerar sofrimento e adoecimento psíquico. A Rede de Saúde Mental (RAPS) do município, conta com unidades no apoio em saúde mental na atenção básica e especializada. As equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e mini equipes de saúde mental dão suporte na Atenção Primária em Saúde. Os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) ofertam o atendimento especializado. Dentro da lógica do matriciamento, estes serviços são referência para que as equipes possam matriciar ações dentro do território”, explica a enfermeira.
Ribeirão Preto
Em meio à pandemia, a enfermeira aposentada Emília Maria Paulina Campos Chayamiti passou a arrecadar recursos financeiros para confecção de máscaras.
Intitulado de “Máscaras do Bem para Comunidade de Ribeirão Preto”, a profissional conta que o trabalho só foi possível graças a solidariedade, a doação e a cidadania das pessoas que acreditaram no projeto. “Construímos um grupo com mais de 100 voluntários que abraçaram a causa. O nosso trabalho teve inicio no dia 05 de abril, com a meta de produção de 7.500 máscaras”, conta.
São José do Rio Preto
Com objetivo de manter a qualidade assistencial e segurança tanto dos pacientes quanto dos colaboradores, a gerente assistencial do Hospital Austa de São José do Rio Preto, Maristela Maricato de Souza, conta que a instituição criou um comitê de gerenciamento de crise para a pandemia do Novo Coronavírus.
O comitê atuou em várias frentes, desde a organização e estruturação de fluxos das áreas clínicas, críticas e emergenciais que receberiam os pacientes respiratórios; a elaboração de novos documentos, manuais e protocolos assistenciais e de tratamento para Covid-19, entre outras ações. “O que nos motivou desde o início foi a crença de que poderíamos estar diante de um grave problema de saúde mundial e precisaríamos unir esforços para contermos o avanço desta doença no Brasil e principalmente na cidade de São José do Rio Preto”, diz a enfermeira.
Santo André
O enfermeiro e especialista em estomaterapia, Emerson Fabiano Vicente, é responsável pela supervisão da equipe de enfermagem no Hospital de Campanha de Santo André, que foi inaugurado para o enfrentamento da pandemia. “Enquanto profissional de enfermagem, tenho um sentimento de satisfação pela profissão, pois sempre busquei promover o conforto e o cuidado necessário para cada paciente. E em meio à pandemia não será diferente. Estou ali, na linha de frente, transmitindo segurança e cuidado tanto aos pacientes quanto aos seus familiares”, destaca Emerson.
Já a gerente de enfermagem do Hospital Estadual Mario Covas, Juliana Mazzei Garcia, elaborou um projeto com dinâmicas motivacionais aos colaboradores que estão atuando na linha de frente da Covid-19. “Diante da pandemia, observamos o medo, a angústia e a renúncia dos colaboradores de enfermagem, pois muitos se isolaram da família para se dedicar integralmente aos cuidados do paciente com suspeita ou confirmação de Covid-19. Com isso propusemos ações motivacionais para tornar o ambiente mais leve, mais agradável, além, é claro, de demonstrar todo o apoio à nossa equipe”, conta.
Santos
Em Santos, a gerente de enfermagem do Instituto de Infectologia Emilio Ribas da Baixada Santista, Quitéria Cristina da Silva Torres, desenvolveu junto com sua equipe o protocolo assistencial multiprofissional de atendimento aos pacientes com Covid-19 e reuniões diárias com a equipe multiprofissional.
Já no Hospital Guilherme Álvaro, a diretora de enfermagem Jeane Ferreira Videira explica todas as mudanças realizadas para enfrentar a pandemia. “Diante da pandemia da Covid-19, o Hospital Guilherme Álvaro criou várias estratégias ao longo desta fase, em que inclui desde a portaria controlador de acesso até o serviço de verificação de óbito, aquisição de insumos, além do uso adequado , intensificação dos treinamentos a todos nossos colaboradores para que pudessem prevenir a contaminação. Para para isso contamos com todos diretores técnicos de áreas, supervisores e enfermeiros empenhados nesta luta árdua. Hoje dispomos de 20 leitos de UTI Covid-19, além de leitos de unidade de internação, totalizando 46. Após nossas medidas estratégicas, estarei expandindo mas 10 leitos destinados à UTI covid a partir da data de 25/05. Medidas exitosas juntamente com a equipe técnica do Hospital Guilherme Álvaro”.
Sorocaba
A enfermeira especialista em UTI Adulto do Hospital Regional de Sorocaba, Jaqueline Francisca Prado, conta que a diretoria do hospital criou o programa “Estamos Juntos”, que oferece atendimento biopsicossocial para os colaboradores da instituição.
O programa envolve um fluxo diferenciado de atendimento médico no caso de sintomas gripais, plantões psicológicos e sociais, momentos de pausa nas atividades dos setores de linha de frente e atualização diária sobre treinamentos, recomendações e normas da instituição.
“Ter um programa pensado para o bem-estar biopsicossocial de seus colaboradores demonstra o olhar cuidadoso que a instituição tem com seus trabalhadores. Sinto-me apoiada, segura e confiante para exercer meu trabalho em uma instituição que me enxerga e me reconhece tanto como profissional quanto pessoa”, diz Jaqueline.
Sumaré
A enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Sumaré, Bruna Busnardo e seu marido Jonathan Trindade de Souza, que também é enfermeiro, desenvolvem ações de capacitação para os profissionais atuarem no enfrentamento à Covid-19. Além de ser especialista em atendimento pré-hospitalar, a enfermeira tem um canal no Youtube, chamado “Mamãe Socorrista”, em que ela e o esposo dão dicas em saúde de maneira geral e, principalmente, sobre como agir em meio à pandemia.
Bruna ainda realiza capacitações aos colaboradores quanto ao uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), paramentação e desparamentação, abordando sempre as principais recomendações da Anvisa. “Enquanto enfermeiros, além de atuarmos na linha de frente no combate à Covid-19, temos que orientar, ensinar e disseminar informações confiáveis à população. Lembrando que as redes sociais são ferramentas importantes para o sucesso desse trabalho”, explica Bruna.
Suzano
O gerente de enfermagem do Pronto Socorro de Suzano, Matheus Pompeo, organizou uma comissão técnica para o enfrentamento da pandemia. Segundo o enfermeiro, as ações foram definidas em conjunto pelo Pronto Socorro Municipal, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), unidades de saúde e demais estabelecimentos como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviço de Assistência Especializada em HIV/Aids (SAE/CTA) e Residência Terapêutica.
“A motivação de nossa equipe foi ofertar, de forma organizada, humanizada e eficiente, uma assistência segura aos pacientes e familiares acometidos pela Covid-19. Nosso sentimento é de preocupação, contudo todos estão bem envolvidos e comprometidos. Tivemos alguns afastamentos, mas formamos uma comissão interna para acolhimento e acompanhamento clínico de nossos colaboradores”, explica Matheus.
Ubatuba
A enfermeira da Secretaria Municipal de Ubatuba, Iris Netinha Marins conta que o município adotou e regulamentou medidas para o enfrentamento da emergência pública, conforme as leis estaduais e federais, e criou o Comitê de Gerenciamento de Crise frente à Covid-19.
“Para mim, esse trabalho exaustivo me fez perceber o quão sou corajosa. Pois, apesar de estar na linha de frente não recuei, ao contrário me aproximei mais ainda dos meus pacientes, levando não só o tratamento como, também, o afeto, principalmente para os idosos. Tive medo de deixar meus filhos em casa, de me expor em uma UBS, mas foi quando minha compaixão e solidariedade afloraram. Mesmo abalada por dentro, me ergui e continuo todos os dias ao lado de quem precisa”, declara Iris.