Coren-SP participa de audiência pública sobre o HU-USP

O vice-presidente do Coren-SP, professor Mauro Antonio Dias da Silva, e a assessora técnica Raquel Cima participaram, terça-feira (2), da audiência pública sobre a crise do Hospital Universitário (HU) da USP, realizada na Promotoria de Justiça do Ministério Público de São Paulo, na capital. 

Coordenada pelo promotor Arthur Pinto Filho, a audiência contou com representantes da reitoria da USP, da Secretaria de Estado da Saúde, dos conselhos Universitário e Deliberativo, da superintendência do HU, dos sindicatos dos Médicos de São Paulo (Simesp) e dos Trabalhadores da USP (Sintusp), da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) e de colegiados de estudantes, entre outros.  

O professor Waldyr Antonio Jorge, o promotor Arthur Pinto Filho e o pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior

A falta de recursos humanos foi apontada pelos participantes como a maior responsável pela deficiência no atendimento prestado hoje pelo hospital-escola. Ao todo, 50 leitos estão desativados e vários setores correm o risco de paralisação com a segunda fase do Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV), iniciada em meados de julho. “Parece que há uma situação de esquizofrenia, na minha opinião, uma vez que faltam profissionais para manter o pleno funcionamento do hospital  e temos um plano de demissão voluntária em andamento. Desta forma, não há nem como fazer o dimensionamento de pessoal para saber a real carência de profissionais ”, analisou Dias da Silva. 

O vice-presidente Mauro Dias da Silva e a assessora Raquel Cima (ao centro) representaram o Coren-SP na audiência pública

Raquel Cima rechaçou a proposta apresentada um pouco antes pelo pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, de cessão de funcionários do Hospital das Clínicas (HC) para o HU. “É como tirar de um santo para vestir o outro, uma vez que na questão de dimensionamento o HC está pior que o HU. Como contratar do Estado se o Estado não tem condições de fornecer pessoal”, argumentou.

O superintendente de Assistência Social da USP, professor Waldyr Antonio Jorge, traçou um panorama da situação do HU, que segundo ele se agravou há cerca de um ano e meio após a primeira etapa do PIDV. Destacando a colaboração do Ministério Público, Jorge disse que foi alinhada, em reunião com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, a absorção do atendimento de Atenção Primária do HU. “Com a descompressão da porta, o HU conseguirá retomar a sua vocação, que é a Atenção Secundária. Estamos revendo os convênios, as pactuações e os planos operativos para redesenhar a atuação do hospital e ver onde podemos aumentar o faturamento”, destacou.

A assessora do Coren-SP, Raquel Cima, descartou a hipótese de cessão de profissionais do HC para o HU

A desvinculação do HU da USP foi questionada por vários participantes, no início da reunião. O promotor garantiu que a questão está descartada, tranquilizando a plateia. “Por ora este fantasma está exorcizado. Estão liquidando a USP, a exemplo do que ocorreu com oa Unesp de Botucatu. Temos que impedir isso e cobrar de cada um a sua responsabilidade”, defendeu o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP, Claudionor Brandão.

Brandão e vários presentes cobraram maior participação financeira da Secretaria de Estado da Saúde no repasse de recursos ao HU. O assessor da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Olímpio Nogueira Viana Bittar Jr., se dispôs a encaminhar as propostas. “Abrimos um canal importante da reitoria com a Secretaria Estadual e vamos agendar um encontro para tentar viabilizar uma parceria, tanto política como juridicamente”, avaliou o promotor.

A audiência pública foi realizada na Promotoria de Justiça do Ministério Público de São Paulo, na capital

Ao final, ficou definida a apresentação de moção à reitoria da USP para paralisação do PIDV e do Plano de Redução de Jornada, sob pena de que qualquer proposta subsequente seja inviabilizada. A diretoria do HU também se comprometeu a realizar levantamento do quantitativo de profissionais, por categoria, que faltam hoje na instituição. 

O promotor Arthur Pinto Filho definiu que nova reunião será realizada, ainda este mês, somente com o HU, para análise dos dados levantados e definição das propostas a serem apresentadas à Reitoria e à Secretaria de Estado da Saúde. O terceiro passo será o agendamento de audiência com o Ministro da Saúde.