Coren-SP fala sobre violência contra profissionais no II Conce

A presidente do Coren-SP, Fabíola de Campos Braga Mattozinho, participou da mesa-redonda “Violência laboral e suas implicações no trabalho da Enfermagem”, sexta-feira (23), no último dia do II Congresso Nacional Científico dos Enfermeiros – Conce. O encontro, organizado pela Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), no Palácio das Convenções do Anhembi, teve início em 20 de setembro.


A presidente do Coren-SP, Fabíola Mattozinho, falou da importância de combater a violência contra os profissionais da Saúde

Fabíola lembrou que desde 2000 há indicativos de violência contra profissionais de saúde e que hoje a questão é considerada uma epidemia mundial. A pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, promovida pela Fiocruz, em 2013, numa parceria com o Cofen, revelou que somente 35% dos profissionais de Enfermagem se sentem seguros no ambiente de trabalho. No levantamento do Coren-SP, realizado ano passado, 32% dos profissionais de Enfermagem relataram já ter sofrido ou presenciado alguma forma de violência.

“Em mais de 50% dos casos a violência é decorrente da falta de atendimento, de recursos e do dimensionamento inadequado. Temos que investir no SUS e nos profissionais que estão à frente do atendimento. Precisamos trabalhar o acolhimento destes profissionais, vítimas de agressão, com o estabelecimento de políticas institucionais e com a criação de fluxos. A violência não pode ser entendida como algo rotineiro”, alertou Fabíola.


Fabíola Mattozinho, durante o II Conce, realizado no Palácio das Convenções do Anhembi

Entre as ações promovidas pelo Coren-SP e citadas pela presidente estão: a parceria firmada com o Cremesp que resultou na criação  de Grupo de Trabalho pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, para tratar a questão da violência; a realização de Desagravos Públicos em defesa dos profissionais agredidos e a parceria com o Ministério Público para adequação de dimensionamento de pessoal em diversos municípios do estado de São Paulo. Fabíola também destacou a mobilização para a revisão da Portaria 2.048/2002, que aborda a regulação na Urgência e Emergência. “O Suporte Intermediário de Vida (SIV) é uma realidade e sabemos que os profissionais de Enfermagem são os grandes guerreiros do SAMU, então temos que mudar as regras porque nenhuma legislação é imutável”, destacou, sendo bastante aplaudida pelo público.

A mesa-redonda contou, ainda, com participação do diretor do Sindicato dos Enfermeiros (Seesp), Péricles Cristiano Batista Flores; do subprocurador-geral do Trabalho, Luís Antônio Camargo de Melo e da presidente da Comissão de Saúde da OAB, Sandra Krieger Gonçalves.


O subprocurador-geral do Trabalho, Luís Antônio Camargo de Melo, destacou a desvalorização dos trabalhadores brasileiros

Luis Antônio defendeu a união dos trabalhadores para impedir a aprovação de projetos que há muitos anos tramitam no Congresso Nacional e que, na opinião dele, significam a precarização das relações de trabalho. “O trabalhador está desvalorizado, de uma maneira geral, tendo em vista essa a lógica do sistema capitalista de produção. A sociedade organizada é fundamental para lutar por políticas públicas. Temos que nos organizar para interferir neste processo”, recomendou.


A presidente da Comissão de Saúde da OAB, Sandra Gonçalves, demonstrou preocupação com a redução dos recursos destinados à Saúde

A garantia de recursos para a área da Saúde foi apontada por Sandra como essencial para a preservação das relações de trabalho no setor. “No momento em que o governo se desonera de aplicar recursos nos setor isso vai se refletir, diretamente, na situação dos profissionais, então temos que estar atentos à tramitação deste projeto”, alertou, referindo-se à PEC 241. “A sociedade brasileira precisa debater que tipo de saúde ela pretende ter dentro do nosso modelo constitucional”, acrescentou. Ao final, houve rodada de perguntas e repostas da plateia.