A união faz uma assistência melhor

Atuação multidisciplinar em equipe proporciona melhores resultados na assistência e coloca profissionais de Enfermagem como protagonistas da integração entre as áreas da saúde

A crescente articulação dos profissionais de saúde em equipes, na busca pela assistência de qualidade, está comprovando o famoso dito popular de que “A união faz a força”. Quando conduzido de forma conjunta, a partir da soma de conhecimentos e esforços das diferentes áreas de atuação, o cuidado é integral e ganha mais qualidade.

Embora os debates acerca da necessidade de promover a assistência de forma colaborativa, nas unidades de saúde, tenham ganhado força no Brasil, nos anos 70, o trabalho em equipe ainda é um desafio muito grande para os profissionais. “Há uma enorme fragmentação. O modelo de formação e de prática é de atuação isolada das profissões, em que cada profissional tem a sua responsabilidade ética e suas atribuições. Apesar de haver um consenso superficial sobre a necessidade de integração, na prática é difícil os profissionais trabalharem em colaboração, de fato”, constata Marina Peduzzi, doutora em saúde pública e professora associada da Escola de Enfermagem da USP.

O conceito de saúde e doença passou por grandes mudanças ao longo dos anos e, atualmente, compreende uma série de fatores que vão além da esfera biológica dos distúrbios, envolvendo vida social, cultural, psicológica, mental, além das crenças do indivíduo. “Um excelente médico não consegue executar todas as ações de cuidado que uma pessoa precisa, assim como um excelente enfermeiro não pode oferecer, sozinho, a assistência integral em uma instituição. Isso vem sendo reconhecido e transformando os processos de trabalho, no modo como se organizam. Cada vez mais, se reconhece a necessidade de que os serviços atuem em rede”, avalia Marina.

Muitas instituições têm seguido essa tendência e montado equipes multiprofissionais com integrantes que atuam em diferentes áreas da assistência. Isso exige o rompimento de algumas barreiras culturais e de relações hierárquicas e de poder, sobretudo em relação à dominação da prática médica.


As enfermeiras Eleini Satomi e Juliana Barrol e a médica Luciana Marques (à dir.) recebem as anotações da auxiliar de Enfermagem Simone Magalhães (ao centro)

O trabalho em equipe multidisciplinar é uma realidade no Hospital Cruz Azul, na capital paulista, que adotou a prática para aprimorar a atuação da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH). A própria comissão criou o Programa Agentes da CCIH, no qual 79 auxiliares e técnicos de Enfermagem foram capacitados para atuar como fiscais, observando e notificando atitudes e procedimentos indevidos praticados pelos profissionais de todas as áreas, no sentido da segurança epidemiológica. “Optamos por esses profissionais porque eles estão próximos de tudo o que acontece no dia a dia. Eles são operacionais, entram frequentemente no laboratório, acompanham de perto a gerência de Enfermagem, o raio X, as condições de higiene”, explica Juliana Barral, enfermeira da CCIH.

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