9º Seminário de CEEs do Coren-SP traz a ética profissional à era das redes sociais

O importante trabalho desenvolvido pelas Comissões de Ética de Enfermagem (CEEs), que atuam como extensões do Coren-SP nas unidades de saúde de nosso estado, zelando pela ética e pelas melhores práticas assistenciais, foi celebrado em um grande evento realizado nesta quarta-feira (11) no auditório do Centro de Integralidade do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (IAMSPE), na capital.

O 9º Seminário de Comissões de Ética de Enfermagem do Coren-SP, contou com uma completa  programação com palestras, mesas-redondas e relatos de experiências de membros de CEEs.

A mesa de abertura do 9º Seminário de Comissões de Ética de Enfermagem contou com a participação de representantes do Coren-SP e do IAMSPE

A abertura oficial do evento foi feita por uma mesa de honra composta pela presidente do Coren-SP, Renata Pietro, pelos conselheiros Edir Gonsaga, segundo-tesoureiro e Demerson Bussoni, coordenador das CEE, pela gerente de enfermagem do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, Amanda de Ornelas, pela médica Beatriz Viana Peres, representando a diretoria do IAMSPE e pelo fiscal do Coren-SP, Alexandre Juan Lucas.

Renata Pietro destacou a importância da atualização da ética de forma a contemplar a era digital

Em sua fala, Renata deu a tônica do evento que se iniciaria, focado na ética na era digital. “É um prazer hoje estar aqui como presidente do Coren-SP debatendo ética. A ética deve acompanhar a evolução dos tempos. Atualmente temos as novas tecnologias, que se tornaram uma arma na mão de pessoas inescrupulosas. A grande verdade está na imprescindível parceria entre o âmbito digital e o educacional. Precisamos de bom senso e respeito. Isso é ética”, disse.

Depois da mesa de abertura, um momento muito marcante tomou conta do auditório: uma homenagem ao atual segundo-secretário do Coren-SP, Paulo Cobellis Gomes.

A homenagem ao segundo-secretário do Coren-SP, Paulo Cobellis, foi um dos momentos mais marcantes do evento

Enfermeiro e professor com mais de 40 anos de atuação profissional, Paulo recebeu homenagem por tudo o que já fez pelo estudo e desenvolvimento da ética profissional em enfermagem. Paulo, que já foi vice-presidente do Coren-SP, participou ativamente da elaboração do primeiro código de ética de enfermagem, no final dos anos 70.

Cobellis está há mais de 40 anos contribuindo ativamente para o desenvolvimento da ética profissional em enfermagem

“Conviver com Paulo é muito fácil, ele é humilde, carinhoso e muito determinado”, destacou Renata Pietro durante a entrega da homenagem, que contou também com um vídeo.

Emocionado e surpreso, Paulo explicou um pouco de suas motivações como profissional de enfermagem: “Sempre busquei servir à humanidade. Realmente acredito que a enfermagem faz a diferença. De coração, muito obrigado pela homenagem”, disse.

O Manual das Comissões de Ética de Enfermagem do Estado de São Paulo, cuja quarta edição foi lançada no seminário, pode ser baixado gratuitamente no portal do Coren-SP

Após a justa homenagem, houve o lançamento do novo Manual das Comissões de Ética de Enfermagem do Estado de São Paulo, que está em sua quarta edição. A publicação pode ser baixada gratuitamente no portal do Coren-SP.

O lançamento da publicação foi feito por Paulo Cobellis, Demerson Bussoni e Edir Gonsaga.

“Por meio deste manual, temos a possibilidade de compreender melhor como conduzir determinados procedimentos que ocorrem dentro das comissões”, ressaltou Cobellis.

Palestras e mesas-redondas

A primeira atividade do evento foi a conferência “Fundamentos da Ética para a Prática de Enfermagem”, moderada pela conselheira Maria Cristina Massarollo.

Dentro da conferência, o fiscal do Coren-SP, Alexandre Juan Lucas, foi o palestrante.

Ele traçou um histórico da ética, desde a antiguidade, com os filósofos gregos, até os tempos modernos, com Emmanuel Kant e Max Weber.

O fiscal Alexandre Juan Lucas fez a palestra de abertura do evento

“Quando pensamos em dano, pensamos em dano para o paciente, mas a nossa categoria também fica ferida”, disse Alexandre, ao citar a amplitude do impacto negativo que os erros decorrentes da não observação da ética profissional podem causar.

O palestrante também ressaltou a importância do conhecimento da legislação profissional para o melhor exercício possível da enfermagem. “O maior documento que nós temos é a nossa legislação, que é o instrumento que temos que nos dá autonomia profissional”, disse.

A conselheira Maria Cristina Massarollo moderou a primeira mesa-redonda

Em suas considerações finais, Maria Cristina Massarollo  destacou a importância do respeito. “Temos que reiterar a importância do respeito. O respeito é com o outro. Todos nós temos o direito de ser respeitados e o dever de respeitarmos o outro”, frisou.

A participação do público garantiu a dinâmica das discussões do 9º Seminário de Comissões de Ética de Enfermagem

Em seguida, foi realizada a mesa-redonda “Boas práticas na ética profissional”, moderada pela conselheira Érica França.

A atividade contou com três palestras, sendo a primeira delas feita pela primeira-secretária do Coren-SP, Eduarda Ribeiro, que falou sobre o Desagravo Público, que é um instrumento de defesa da dignidade de todo e qualquer profissional de enfermagem que for ofendido durante o exercício profissional.

Eduarda Ribeiro focou sua fala no desagravo público, instrumento a serviço de todo profissional de enfermagem que se sentir ofendido durante o exercício profissional

Ela ressaltou alguns dos cuidados que um profissional deve tomar ao fazer um pedido de desagravo ao Coren-SP, deixando claro que quanto mais detalhado for o pedido, melhor será. “O profissional deverá elaborar uma carta contando todo o ocorrido, com dia, hora e exatamente o que aconteceu. É importante também indicar testemunhas”, disse, afirmando também que cada pedido de desagravo será estudado por meio de sindicância, decidindo-se assim pela admissibilidade ou não do pedido.

Ana Paula Molino explicou os principais aspectos da Comunicação Não Violenta

A assessora jurídica do Coren-SP, Ana Paula Molino, fez a segunda palestra da mesa-redonda, com o tema “Comunicação Não Violenta”.

Ela citou os estudos realizados por Marshall Rosemberg, psicólogo norte-americano que criou o termo “Comunicação Não Violenta”.

“A primeira questão da Comunicação Não Violenta é que ela não é automática. Deve ser conscientemente praticada”, ressaltou.

Outro ponto importante trazido por Ana Paula foi a importância de estarmos atentos às necessidades do outro. “Por trás de todo o comportamento existe uma necessidade”, disse, citando Marshall Rosemberg. “É impossível eu me colocar no lugar do outro, mas eu posso identificar o que ele precisa, pois todo ato violento é uma expressão trágica de uma necessidade não atendida”, colocou.

A conciliação de conflitos foi o tema destacado por Vagner Urias

O gerente executivo da fiscalização do Coren-SP foi o responsável pela última palestra da mesa-redonda, sobre Conciliação Ética.

Vagner explicou que a maior parte dos processos éticos abertos no Coren-SP são motivados por conflitos interpessoais dentro da própria equipe de enfermagem e que a promoção de conciliação entre profissionais pode ser o melhor caminho para resolver esse tipo de conflito.

“Fazer esse enfrentamento de diálogo, que é uma audiência de conciliação, exige muita maturidade das partes envolvidas”, disse Vagner, cuja palestra encerrou a parte matinal do evento.

A conselheira Érica França fez a moderação da mesa-redonda

Período da tarde

A parte da tarde começou com outra mesa-redonda: “Desafios Éticos na Atualidade”, moderada pelo segundo-tesoureiro do Coren-SP, Edir Gonsaga.

A primeira palestra da mesa-redonda foi feita pelo coordenador da Comissões de Ética de Enfermagem, Demerson Bussoni, que falou sobre os aspectos éticos do uso indevido de redes sociais.

Demerson explicou como se faz o uso ético das redes sociais

Demerson deixou claro que cabe a cada profissional fazer uso ético das redes sociais, evitando expor pacientes e a instituição onde trabalha. “A rede social não é segura. A responsabilidade pelas nossas postagens é de cada um de nós. Ética não é só uma palavra, pratique. Nós temos que trabalhar por ela”, ressaltou.

Eliane Caixeta tratou do sigilo profissional em enfermagem

A segunda palestra foi feita pela enfermeira e professora Eliane Caixeta de Lima Lucas, e tratou de sigilo profissional.

Eliane fez questão de lembrar o público sobre a inviolabilidade do sigilo do prontuário e das informações prestadas pelos pacientes. “Todas as informações prestadas pelos pacientes só dizem respeito ao próprio paciente e aos profissionais que estão fazendo o cuidado. As informações pertinentes ao cuidado só devem ser compartilhadas por quem faz essa assistência”, afirmou, dizendo também que mesmo quando o paciente não pede expressamente pelo sigilo, o profissional de enfermagem deverá mantê-lo.

Wilson Cunha explicou todo o processo de instrução de denúncias e como ele define o que se tornará processo ético ou não

O conselheiro Wilson Cunha, que coordena a comissão de instrução do Coren-SP, fez a terceira palestra, sobre instrução de processos éticos.

Ele explicou o papel da instrução, que precede a instauração do processo e decide se uma denúncia é elegível ou não para se tornar um processo ético de fato. “A função da instrução é a de provar se determinada denúncia é falsa ou verdadeira”, disse, explicando todo o processo de trabalho da comissão de instrução, que vai até os profissionais denunciados e também até os denunciantes para que todos os envolvidos em determinada denúncia sejam ouvidos.

“Dizem que errar é humano, mas na área da saúde, errar é desumano, pois quem erra prejudica o paciente, prejudica a família e prejudica a si mesmo”, finalizou Wilson.

O segundo-tesoureiro do Coren-SP, Edir Gonsaga, moderou a mesa-redonda do período da tarde e ressaltou a importância dos profissionais conhecerem o código de ética

O segundo-tesoureiro do Coren-SP, Edir Gonsaga, lembrou a todos, no fechamento da mesa-redonda, sobre a importância de os profissionais conhecerem o código de ética que rege a profissão. “Que vocês entendam a necessidade de conhecermos o código de ética para respaldar nossa atuação profissional”, colocou.

No seminário, houve um espaço para relatos de vivências com profissionais de enfermagem membros de Comissões de Ética de Enfermagem

Após a mesa-redonda, houve uma rodada de apresentações de vivências de membros de Comissões de Ética de Enfermagem de instituições de saúde de todo o estado de São Paulo.

Uma apresentação do coral do Hospital Cruz Azul encerrou em grande estilo o evento

Uma bela apresentação do coral do Hospital Cruz Azul fechou o 9º Seminário de Comissões de Ética de Enfermagem do Coren-SP.