Tecnologia a favor da Enfermagem

Informatização dos processos para armazenamento e análise de dados garante aumento da produtividade e redução de erros

A informática, aliada às novas tecnologias, está revolucionando o cotidiano da Enfermagem. O uso de computadores é cada vez mais frequente nos hospitais e unidades de saúde, auxiliando os profissionais na gestão de pacientes e no processamento e armazenamento de um grande volume de informações em um pequeno intervalo de tempo, além da organização e cruzamento de dados e a incessante busca pela erradicação dos erros na assistência ao paciente.

O uso de tecnologias na saúde foi impulsionado, entre outros fatores, pela necessidade de implementar profundas mudanças para lidar com o cenário de custos crescentes. Atualmente, essa tendência busca suprir as demandas pelo aprimoramento da assistência e as exigências dos pacientes. “O paciente é hoje um novo consumidor de saúde que deseja um experiência diferente, singular. Ele tem mais acesso à informação, compara instituições, tratamentos e preços e deseja participar das decisões tomadas. Esse consumidor, mais conectado e engajado, vem exigindo inovações e melhorias no sistema de saúde”, explica Cláudia Laselva, gerente de Pacientes Internados e Apoio Assistencial do Hospital Israelita Albert Einstein e conselheira da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS).

Um movimento importante na adoção de tecnologias de saúde foi a implantação do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). “É a base da digitalização da saúde, com todos os desafios que isso implica e com a certeza de que não é o PEP, isoladamente, que vai solucionar as questões cruciais na área, apesar de nos permitir conhecer o paciente, a população que atendemos e os públicos de nosso sistema”, informa Cláudia.

Essa dinâmica já se incorporou à rotina de muitos profissionais de Enfermagem, que protagonizam e acompanham de perto todo o processo de avaliação ambulatorial e clínica e a evolução do estado de saúde dos pacientes. A enfermeira assistente do Hospital Universitário (HU) da Universidade de São Paulo (USP), Neurilene Oliveira, é um exemplo de profissional que já se adaptou a essa realidade. Após a checagem e avaliação do paciente, ela se dirige a um computador e acessa o cadastro online, respondendo aos questionários do Sistema de Documentação Eletrônica do Processo de Enfermagem, o PROCEnf-USP, em operação desde novembro de 2009.

Os princípios, conceitos e tecnologias para sua operacionalização sempre foram discutidos em um núcleo de estudos, composto por enfermeiros do HU, docentes da Escola de Enfermagem (EE), pesquisadores, estudantes e profissionais de informática. “Esse grupo de estudos identificou os registros de Enfermagem, os dados e informações necessárias para o apoio à decisão dos enfermeiros nas unidades de Clínica Médica e Cirúrgica do HU-USP e desenhou o escopo do sistema”, explica a enfermeira do Serviço de Ensino e Qualidade, Dirley Ortiz, que integra o grupo gestor.

O sistema equilibra a humanização do atendimento, gerando métricas no processo da Enfermagem, o que costuma ser um desafio para as equipes que buscam a prestação de um serviço de excelência. A ferramenta também fornece caminhos para intervenções e atividades para o cuidado com base em protocolos de evidências, na classificação de Diagnósticos de Enfermagem da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), na Classificação das Intervenções de Enfermagem — Nursing Interventions Classification (NIC) e na Classificação dos Resultados de Enfermagem — Nursing Outcomes Classification (NOC).

Por ser configurável, o PROCEnf-USP atribui ao profissional autonomia para o desenvolvimento do raciocínio clínico em sua totalidade, podendo sugerir novos diagnósticos, intervenções e resultados, individualizando e humanizando o atendimento.

A ferramenta tem representações iconográficas que indicam as hipóteses diagnósticas pelo próprio sistema ou pelo enfermeiro. É possível abastecê-lo com novas possibilidades com base em evidências.