Seminário do Coren-SP debate aspectos práticos e filosóficos da ética profissional

A ética foi abordada de forma ampla durante 6º Seminário de Comissão de Ética de Enfermagem do Coren-SP. O evento, realizado em 7 e 8 de dezembro, no Campus Ipiranga do Centro Universitário São Camilo, abordou o papel dos profissionais que atuam nas CEE e os desafios enfrentados no cotidiano das instituições.

Na mesa de abertura do evento, ao lado de Maria Inês Nunes, coordenadora do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário São Camilo, e do conselheiro Paulo Cobellis Gomes, coordenador das Comissões de Ética do Coren-SP, a presidente Fabíola de Campos Braga Mattozinho destacou a necessidade dos próprios profissionais de enfermagem se valorizarem para que alcencem o devido reconhecimento por parte da sociedade: “O que acontece com a enfermagem no Brasil? O que estamos fazendo para valorizar nossa profissão? Depende de todos nós a transformação da nossa realidade”.


“Temos dificuldades imensas para discutir o coletivo. O que é o coletivo?”, indagou o vice-presidente do Coren-SP

A mesa-redonda “Sujeitos Éticos”, moderada pelo fiscal do Coren-SP Alexandre Juan Lucas, abriu as discussões e contou com a participação dos palestrantes Márcio Fabri dos Anjos, professor de teologia e especialista em bioética, e Mauro Antônio Pires Dias da Silva, professor de ética e vice-presidente do Coren-SP. “Temos dificuldades imensas para discutir o coletivo. O que é o coletivo? Focault diz que o poder surge das interações humanas, que as relações interpessoais são relações de poder. Temos que inserir a ética no contexto das nossas relações com o outro”, explicou o vice-presidente da autarquia, ao indicar que a atuação ética do indivíduo é realizada coletivamente.


Fabíola Mattozinho, presidente do Coren-SP, falou sobre violência contra profissionais de enfermagem

A mesa “Atuação das Comissões de Ética de Enfermagem frente à violência”, teve moderação da coordenadora do curso de enfermagem da universidade São Camilo, Maria Inês Nunes, e contou com palestras de Fabíola de Campos Braga Mattozinho e Marcus Vinicius de Lima Oliveira, primeiro-secretário da autarquia.


O primeiro-secretário do Coren-SP, Marcus Vinícuis Oliveira

Ao falar sobre assédio moral, o primeiro-secretário do Coren-SP frisou que “o ambiente social em que o trabalhador está inserido tem influência sobre a saúde do mesmo”, e que pode, inclusive, deixar o trabalhador doente.

A mesa-redonda “Contribuições das Comissões de Ética de Enfermagem para o exercício profissional” foi moderada pela conselheira Andrea Bernardinelli Stornioli e composta pelos conselheiros Paulo Cobellis Gomes e Alessandro Lopes Andrighetto.

A enfermeira Beatriz Helena Medeiros Fossatti relatou sua experiência diante da presidência da CEE do Sistema Penitenciário do Estado de São Paulo

Paulo Cobellis Gomes explicou, entre outros temas, sobre as quatro dimensões que o processo de trabalho da Enfermagem pode abranger : administrativa, civil, penal e ética, e destacou o propósito de uma Comissão de Ética de Enfermagem: “Ela existe para buscar a verdade”, disse.

O primeiro dia do Seminário foi encerrado com o painel de relato de experiências das Comissões de Ética de Enfermagem. A enfermeira Beatriz Helena Medeiros Fossatti relatou sua experiência diante da presidência da CEE do Sistema Penitenciário do Estado de São Paulo. Entre algumas curiosidades, ela destacou a dificuldade em assistir pacientes de cuidados mínimos que passam parte do dia trancados em leitos individuais, sendo necessário o estabelecimento de diversos fluxos, para respaldar o profissional de enfermagem. Contou também a atenção que o profissional precisa ter para questões muito diferentes daquelas que normalmente fazem parte do dia a dia de outros hospitais. “Em qualquer hospital o paciente fica ansioso para receber alta. No nosso, ele não quer retornar para o presídio, pois a estrutura física e o tratamento que recebe, com assistência de enfermagem 24 horas, é um benefício ímpar para um paciente privado de liberdade”. 

Segundo dia

O tema “Instrumentos ético-legais como fator de transformação da prática profissional” abriu o segundo e último dia do Seminário, com os conselheiros Marcília Bonacordi Gonçalves e Vagner Urias. A moderação foi feita por Grazia Maria Guerra, pesquisadora do Incor (Instituto do Coração).


Mesa-redonda “Instrumentos ético-legais como fator de transformação da prática profissional” 

“A tecnologia da conciliação deve ser utilizada. A paz pode estar dentro de cada um de nós”, destacou o primeiro-tesoureiro do Coren-SP, Vagner Urias, durante sua palestra sobre o processo de conciliação de conflitos. Ele também explicou que conflitos dentro da enfermagem podem ser encarados de forma positiva, como possibilidade de mudança.


Lourdes Maria Koeppl, Mauro Antônio Pires Dias da Silva e Maria Cristina Massarollo discutiram a presente reformulação do Código de Ética dos Profissinais de Enfermagem

O Seminário foi encerrado pela plenária “Avanços e desafios para a revisão do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem”, conduzida por Mauro Antônio Pires Dias da Silva, vice-presidente do Coren-SP, e com a participação das conselheiras Maria Cristina Massarollo e Lourdes Maria Koeppl.

A palestra de Mauro foi transmitida ao vivo pelo Facebook do Coren-SP. Entre outros assuntos, ele destacou que “todo profissional de enfermagem pode participar, com sugestões referentes ao processo de reformulação em vigor do Código de Ética”. Isso pode ser feito por meio do envio de apontamentos à comissão de cada estado.