Debates sobre especialidades, saúde do trabalhador e SUS movimentam Semana da Enfermagem em Santos

A Semana da Enfermagem do Coren-SP promoveu grandes debates sobre os desafios e avanços da categoria nas diversas áreas de atuação durante as atividades realizadas em Santos. O evento teve a abertura oficial no dia 16 de maio, no Teatro Coliseu, com a participação da presidente do Coren-SP, Fabíola Campos, do secretário municipal de Saúde, Fábio Ferraz e da Comissão Organizadora. No dia 17, especialistas em diversas áreas da enfermagem abordaram temas como saúde do trabalhador, SUS, especialidades e educação.

A conselheira responsável pelo  Coren-SP Educação e chefe do Serviço de Terapia Intensiva do Hospital do Servidor Público Estadual do Estado de São Paulo, Renata Pietro, integrou a mesa “Ensino e Educação”, abordando o tema da Sepse. Ela mostrou que a doença é um problema de saúde pública, pois causa mais mortes do que o câncer de mama, doenças cardíacas e a Aids, por exemplo. Renata também destacou a importância da enfermagem no diagnóstico e tratamento precoce. “Tempo é vida quando se trata de Sepse e a enfermagem está muito próxima dos pacientes. Temos que nos alertar”, disse.

A conselheira apresentou o programa Qualifica Sepse, que está percorrendo o estado para orientar os profissionais sobre o tratamento da doença  e seus sintomas. “É preciso criar uma nova cultura e quebrar paradigmas, para que a detecção do paciente séptico ocorra já no pronto-socorro e ele seja encaminhado mais cedo à terapia intensiva”, ponderou.

Ariadne da Silva Fonseca, gerente do Instituto de Ensino e Pesquisa da Rede de Hospitais São Camilo apresentou a “Simulação Realística no Ensino em Enfermagem”. Ela explicou que essa modalidade permite treinar protocolos e errar e refletir em um ambiente livre de julgamentos. “A simulação permite aos alunos mais familiaridade com os processos antes de executá-los na vida real”.

A segurança do paciente foi abordada por Lilian Cadah, membro do Grupo de Trabalho do Coren-SP e do Núcleo da Baixada Santista da Rede Brasileira de Segurança do Paciente (Rebraensp). O enfoque foi o uso seguro de medicamentos. “A probabilidade de alguém morrer por erro de medicação é três vezes maior do que em um acidente automobilístico. Porém, a maior parcela dos incidentes e eventos adversos são preveníveis”, alertou. Para mudar essa realidade, ela disse que as instituições devem adotar barreiras, de acordo com fatores de risco, que são os pacientes mais vulneráveis (grávidas, pacientes renais, incapazes de se comunicar, etc); condições profissionais, como fadiga e execução de multitarefas, entre outros.

A moderação foi realizada pela conselheira Consuelo Garcia.

Especialidades

Uma área ainda pouco explorada no Brasil, a Enfermagem Forence abriu a mesa sobre Especialidades. Ana Cristina Fernandes, enfermeira do Hospital Pérola Byington, referência para encaminhamento de vítimas de violência sexual, abordou o tema. A enfermagem assume o protagonismo no acolhimento dessas pessoas. “Não é só abraçar e consolar. Temos que saber direcionar e ouvir essas mulheres, explicar o fluxo de atendimento e o uso das medicações contra DSTs”, relatou.

Uma especialidade exclusivamente exercida pela enfermagem, a Estomaterapia também foi pauta de debate. Luciana Barbuy, membro da Sociedade Brasileira de Estomaterapia (Sobest), mostrou que essa área trata de pacientes com incontinências, estomias e feridas e que a enfermagem tem papel essencial no cuidado. “O paciente tem o direito de que sua estomia seja previamente demarcada antes de uma cirurgia, por exemplo, e a enfermagem é quem cuida disso e dialoga com a equipe cirúrgica e também orientam o tratamento a ser adotado depois da alta”, explicou.

Como é a qualidade do morrer? Foi com essa indagação que Loraine Martins, presidente do Comitê de Bioética do Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio iniciou sua apresentação sobre cuidados paliativos. “Temos que dar mais dignidade aos pacientes em fase terminal e em situação de sofrimento e a assistência por meio de uma equipe multiprofissional é muito importante para aliviar e prevenir a dor”, disse, incentivando que a enfermagem tenha compaixão e busque possibilidades de tratamento.

A moderação foi realizada por Ana Virgínia de Almeida, líder de enfermagem da Santa Casa de Misericórdia de Santos.

SUS

A mesa sobre o Sistema Único de Saúde foi composta por Mirian de Almeida Andrade, diretora do Núcleo de Qualidade e Humanização das Ações de Saúde da DRS VI, que falou sobre “Humanização”; Bruna Renó, responsável pela Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde da Praia Grande, abordando “Residência Multiprofissiona”l; e Sirleide Cavalcanti, enfermeira assistencial  na UPA Enseada, que apresentou o tema “Tempo de Espera”. Ela explicou que os problemas estruturais, organizacionais e educacionais. “É importante conscientizar a equipe sobre o impacto que o tempo de espera tem sobre os usuários e estabelecer um prazo mínimo para atendimento e diagnóstico”.

Milene Mori, que atua na Secretaria Municipal de Saúde de Santos, moderou os debates.

Saúde do Trabalhador

A coordenadora do Grupo de Trabalho de Saúde do Trabalhador do Coren-SP, Patrícia Pavan, falou sobre Assédio Moral e Violência. “O assédio não deve fazer parte do cotidiano de trabalho. Isso gera um grande desgaste psíquico no profissional. Além disso, não há paciente seguro e o trabalhador não está seguro”, disse.

O conselheiro Vagner Urias falou dos impactos que as redes sociais causam no dia a dia profissional. “É importante trabalhar a identidade da enfermagem nas redes sociais. Há publicações que prejudicam a imagem dos profissionais e criam conflitos no ambiente de trabalho”, alertou.

A moderação foi realizada por Idelma Boscolo, membro do GT de Saúde do Trabalhador do Coren-SP.