Coren-SP e Cremesp debatem desafios do Suporte Intermediário de Vida (SIV)

Muitos são os desafios que envolvem a atuação dos profissionais de saúde que atuam no atendimento pré-hospitalar. Essa realidade motivou os Conselhos Regionais de Enfermagem e de Medicina de São Paulo (Coren-SP e Cremesp) a debater conjuntamente o tema. No último sábado (19), foi promovido o Fórum de Urgência e Emergência, abordando o tema Atendimento Pré-Hospitalar: Suporte Intermediário de Vida (SIV), na sede do Cremesp.

A presidente do Coren-SP, Fabíola de Campos Braga Mattozinho, participou do evento e levantou questões como as competências da Enfermagem, a tomada de decisão e a regulamentação efetiva das práticas cotidianas da categoria nesta área. “Precisamos discutir a dignidade do profissional responsável pelo atendimento. A Enfermagem desempenha funções importantes, porém não tem que fazer tudo. Ela deve ter sua autonomia respeitada”, disse.

Fabíola Mattozinho destacou a importância da união e da interdisciplinaridade nos debates sobre SIV

Fabíola expôs o trabalho desenvolvido pelo Grupo de Trabalho de Urgência, Emergência e Pré-Hospitalar (GTUEPH) do Coren-SP, que foi criado em 2014 e no ano seguinte promoveu um evento a partir de demandas do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgências (GRAU), do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e demais serviços desta área, realizando encaminhamentos sobre as pautas levantadas. Ela destacou a importância da união e do trabalho interdisciplinar para vencer os desafios. “Precisamos unir todos os atores nesta discussão e debater o contexto político. Só assim conseguiremos mudar esta realidade e garantir a devida regulamentação”, afirmou.

A enfermeira Marisa Malvestio, membro do GTUEPH do Coren-SP, representou o Ministério da Saúde, apresentando dados sobre o SAMU. Ela mostrou que o serviço vive uma fase de estagnação, com dificuldade para atender as demandas atuais. “Foi criada uma rede de urgências e emergências, mas o SAMU continua com suas configurações iniciais”, disse. Entre os principais problemas enfrentados estão a educação da população sobre as situações em que deve procurar o SAMU; o modelo de regulação; a fixação de profissionais e o uso dos veículos para transporte inter-hospitalar, já que os municípios não estão investindo na compra de ambulâncias, realidade que prejudica o atendimento dos chamados.

A enfermeira Marisa Malvestio, membro do GTUEPH do Coren-SP, representou o Ministério da Saúde, apresentando os desafios do SAMU

Diretor do GRAU, Jorge Michel Ribera expôs as peculiaridades da atuação neste serviço e as diferentes composições das equipes. Em algumas delas, a presença do médico é obrigatória, mas em outras os profissionais de Enfermagem têm autonomia para assumir o atendimento pré-hospitalar. “Questionei se é justo ter uma viatura parada porque falta médico. O enfermeiro tem visão e vivência e, portanto, pode prestar esse tipo de assistência, a partir de capacitações, como manejo de vias aéreas e supra glótica, por exemplo”, relata, destacando que dialogou com o Coren-SP e Cremesp para tornar esta prática legal.

Jorge Michel Ribera expôs a importância da Enfermagem nos serviços prestados pelo GRAU

Marcelo Takano, representante do SAMU, disse que o serviço não tem capacidade para atender as demandas sozinho. “Ao contrário do entendimento da maioria, quem segura a urgência e a emergência são as AMAS, UPAS e unidades de atendimento pré-hospitalar fixas”, avaliou. Ele também apresentou a necessidade de implantar a classificação de risco em cena, para assegurar um melhor encaminhamento dos casos.  

Claus Robert Zeefried, representante da Câmara Técnica Interdisciplinar de Urgência e Emergência do Cremesp, relatou que um

número expressivo de casos de média e alta complexidade é atendido pelo Suporte Intermediário de Vida (SIV), sem a presença do médico. “Todas as equipes têm treinamento específico. O enfermeiro tem boa formação científica e é ponto fundamental do suporte intermediário”. Ele ainda apresentou 17 condições clínicas de potencial gravidade em que esse tipo de atendimento, aliado ao diálogo entre a equipe de Enfermagem e o médico regulador, pode fazer grande diferença no prognóstico e melhoria do quadro de saúde do paciente.

Debate

Após as apresentações, os palestrantes se reuniram em uma mesa de debates, mediada pelo médico Renato Françoso Filho, com a participação da presidente do Coren-SP, Fabíola Mattozinho; do enfermeiro e coordenador do GTUEPH do Coren-SP, Sérgio Dias Martucchi; e da membro da Câmara Técnica de Urgência e Emergência do Cremesp, Adalgisa Borges. 

O GTUEPH é composto pelo conselheiro Luciano Silva, pela chefe de Fiscalização do Coren-SP, Monique Cavenaghi e os enfermeiros Sérgio Dias Martuchi, presidente do Colégio Brasileiro de Enfermagem em Emergência (COBEEM); Carlos Eduardo de Paula, enfermeiro do Complexo Hospitalar Padre Bento, de Guarulhos; Eduardo Fernando de Souza, coordenador geral do SAMU Regional de Limeira; Egle Fernanda da Silva Matos, coordenadora de Enfermagem do SAMU de São Vicente; Lilian Pereira Costa Versuri, do SAMU da Unidade de Suporte avançado 780, de São Bernardo do Campo, e Marisa Aparecida Amaro Malvestio, consultora do Ministério da Saúde.